O sol escaldante. O suor descendo pelo rosto. A vontade de dar um tiro em alguém porque, afinal, com um calor daqueles a única coisa sadia a se fazer era ir à praia e, no entanto, tinha que encarar mais um dia de bate-boca com o pedreiro, com certeza. "Só quero ver o que aquele desgraçado me aprontou hoje", pensou, irritada, Manoela, ao descer do ônibus depois de um dia de trabalho no centro da cidade. Tudo o que ela queria era vestir o biquíni e atravessar a rua. À frente, logo ali, o mar azul, brilhando, era um convite irrecusável. Mas teria que enfrentar o homenzinho, um baixinho esmirrado metido a esperto, mas enrolador ao extremo: tudo o que fazia tinha que ser refeito. E não havia conversa, reclamação ou ameaça que o fizesse terminar a obra do banheiro. - Então, Gerson, achou o vazamento da pia? - perguntou, assim que pisou em casa. - Olha, moça, já falei que meu nome é Gelson. Gelson, entendeu? - exclamou, enrolando a língua para dar mais sonoridade ao que dissera. - E ainda não sei onde que tá vazando, não senhora. Acho que é mais pra cima, sei não! Manoela ficou a ponto de pular na garganta do indivíduo ao verificar que a situação estava ainda pior do que quando saíra de casa, pela manhã: um buraco enorme ocupava o espaço onde existia, até horas antes, um belíssimo espelho. - O que é isso? O vazamento não era na pia? No sifão? Então como que você saiu quebrando tudo pra cima? Você tá detonando o banheiro todo! Enlouqueceu, Gerson? - Gelson! Gelllsonnn! Meu nome é Gelson! - berrou o cidadão, apoplético, puxando as calças mais para cima num gesto nervoso. - E eu não tô achando onde vaza essa água, não senhora. Então vou ter que ver se tem algum cano furado lá pra cima e lá pra dentro da parede. Tenha paciência que sou um profissional! - Essa parede dá pro meu quarto! Do outro lado é meu quarto! Vai acabar chegando lá! E posso garantir que não tem nenhum cano no meu quarto, onde já se viu? Nem bem Manoela acabara de avisar, a picareta deu uma pancada surda e abriu um rombo nos tijolos já aparentes, deixando à mostra a cama, a mesa de cabeceira, e jogando longe uma imagem de São Jorge que estava numa prateleira na parede do quarto.
Uma nuvem de poeira e cacos de reboco e de louça, invadiu o ambiente, salpicou o edredom de cetim que cobria a cama, transformando quarto e banheiro numa ruína só. Aos pedaços, São Jorge jazia, degolado, aos pés de uma escultura de Príapo que permanecia, íntegra, sobre a coluna de mármore. Espumando de raiva a mulher gritava sem parar. E, como alucinada, enfiava a cabeça do pedreiro no rombo da parede para que ele visse o tamanho da destruição que causara. E, o que era pior, patinando em meio à água que teimava em continuar jorrando da parte inferior da pia. Assustado, Gelson tentava escapulir das mãos enlouquecidas que pareciam dotadas de uma força fora do comum. E, com olhos arregalados, apontava para o quarto: - Deus que me livre de continuar trabalhando aqui! Cê é doida, moça! Que diabos de coisa mais feia é aquela que a senhora tem ali? - gritou, apontando para a escultura do deus grego que, nu, exibia orgulhoso e sorridente o gigantesco falo que apontava para o céu. - Não interessa, seu analfabeto! Se não consegue entender de canos de água vai querer entender o que é um ser mitológico? - Mulher minha não tem uma imundice daquelas, não! Aonde já se viu uma moça de bem gostar de olhar prum homem que nem aquele? Com um cacete daquele tamanho, de fora? Agora estou entendendo porque o pobre do São Jorge tá todo estripado no chão! Não agüentou olhar aquele jumento, não senhora! São Jorge era cabra macho, tá sabendo? E a senhora botou os dois juntos no quarto! Deus que me livre que isso é pecado! - Foi você que quebrou meu São Jorge, seu débil mental! Com a picareta! E o pior é que o vazamento continua! E a água tá chegando no corredor! Gelson, num safanão, conseguiu se livrar das mãos de Manoela. E correu para a porta da rua numa tentativa de se livrar da mulher e do caos em que havia transformado o apartamento. Ele não era bombeiro hidráulico. Era cunhado do zelador e apontador de Jogo do Bicho, mas resolvera encarar o serviço para ganha uns trocados. O calor sufocante, a frustração por ter perdido uma linda tarde de sol à beira-mar, a visão da ruína em que tinha se transformado seu lindo apartamento, toldaram a mente da mulher. Num salto entrou no quarto e pegou a escultura em granito negro. Sem pensar duas vezes golpeou, com o gigantesco falo, a cabeça do pedreiro. Ele caiu, inerte: um filete de sangue se misturando com a lama do banheiro. Pelo interfone Manoela chamou o zelador: - Betão, chega aqui. Preciso de você. Rápido! Em poucos minutos o negro alto, forte com trabalhador de estiva, abriu a porta do apartamento. Olhou Manoela, sua amante, com olhos de bichinho de estimação: - O que quer, minha deusa? - perguntou, puxando-a pela cintura. - Acho que matei o filho-da-puta do seu cunhado. Com isso aqui - falou, mostrando a imagem de mármore. - Eu te disse que mulher num pode ter uma coisa dessas em casa! É muita tentação! Vira a cabeça e esquenta a piriquita! - disse, rindo. - Logo o Gelson, que se acha macho pra caramba, morrer com um cacete enfiado nos cornos! É muito azar! O que quer que eu faça, hein minha linda? - Quero que você misture ele com cimento e cubra o rombo que fez na minha parede. Ele é pequeno, então vai caber, não acha? - perguntou, triunfante, se sentindo vingada. O homem respondeu que sim. Mas primeiro ia dar um jeito no vazamento da pia. Manoela, arrasada com o dia de sol que se acabava, olhava o céu azul enquanto Betão fechava o registro e colocava um veda-juntas no sifão da pia. E aplaudiu, piscando os olhos maliciosos, quando o homem disse que o vazamento estava consertado. Como presente, beijou o rosto do amante, prometendo outros carinhos quando a noite chegasse. - Você é uma danadinha, sabia? - riu o homem, enquanto misturava cimento com areia e Gelson. Em pouco mais de duas horas o rombo havia sumido. E, com ele, o pedreiro enrolador. No dia seguinte, assoviando de contentamento, Betão pintava a parede do quarto de Manoela, enquanto ela, recostada na cama, admirava a escultura de Príapo. Pouco depois, enroscada com o zelador, elogiava, cheia de endiabrada malícia: - Você é tudo de bom. O escultor acertou em cheio ao te usar como modelo. Mas o Gerson, aquilo era um coitado esmirrado e... - Gelson! O nome do falecido é Gelson!
Vergonha mundial: violência contra a criança Todos os governos do mundo precisam enfrentar o problema da violência contra a criança, que é comum e tolerada em várias partes do mundo, segundo um relatório da ONU. Um estudo que durou quatro anos milhares de crianças enfrentam abuso físico que é escondido ou aprovado pela sociedade.
BBC
O garoto da soleira (Ricardo Lemos Neto) Sentado à soleira da porta ele estava com o olhar vazio, tinha uma tristeza no olhar que ninguém entendia, seu sorriso era triste, como se usasse toda sua força muscular para aquele gesto tão trivial, tão normal, mesmo banal. Olhou ao longe e seu pensamento vagava, um pensar vago que ele se soltava e naquele lugar já não mais estava. Sua consciência era copiosa, às vezes lhe trazia lembranças tenebrosas, era um garoto, seus quinze anos passados naquela soleira, não tinha expressão facial, tinha olheiras, tonteiras de garoto novo, não ele não era mais um garoto, não como os garotos são. Ele era diferente, tinha algo que dá medo na gente, uma alma cinza, um manto em torno de si impenetrável. Ele mesmo criara essa proteção, ele não falava, monossilábico, sim senhor, não senhor. Era esse o garoto da soleira, olhou mais uma vez a rua, cambaleando seu pai em plena bebedeira, os olhos ficaram mais escuros, em segundos as pupilas dilataram, era uma reação quase química, o cheiro, os sons da chegada do pai lhe trazia na mente, um gosto dormente na boca, ele não sentia, ele jazia mais uma vez escondido, o pai entrou e o agarrou pela gola, jogou em cima da mesa, de costas, as calças abaixadas mais uma vez, por aquele idiota, pederasta, mais uma vez o cinto descia, desde os oito anos era isso que ele temia a chegada do pai, desde os oito anos era isso que lhe aguardava todo santo dia. A infância roubada, o homem que lhe invadia, os gritos abafados, a sua agonia. Era o menino da soleira, quinze anos e uma alma rasgada, olhou em frente em quando o pai se agachava pra retirar mais uma vez as calças, pegou a garrafa de bebida que estava armada, quebrou em um só golpe e na garganta do pai que ali jazia, o pai sangrava no derradeiro grunhido, o garoto sorrira pela primeira vez em muitos anos, era ele o assassino, não o garoto, e sim o pai que morria assassino da infância do garoto que nunca sorria, usurpador de um corpo que não lhe pertencia, uma ultima golfada de sangue, o garoto passou pela soleira e ganhou a rua... Pra sempre
O filme "Homem-Aranha 3" bateu todos os recordes de bilheteria na América do Norte, ao arrecadar US$ 148 milhões em seu primeiro fim de semana, informou hoje a produtora Columbia Pictures.
O filme estreou na sexta-feira nos Estados Unidos e no Canadá. Até ahora, o filme que detinha este recorde era "Piratas do Caribe: O Baú da Morte", que arrecadou US$ 135,6 milhões no fim de semana de estréia na América do Norte, no ano passado. "Homem-Aranha 3" arrecadou também outros US$ 227 milhões fora dos Estados Unidos desde sua estréia em outras partes do mundo, em 1º de maio. O terceiro filme de "Homem-Aranha", que, segundo a Columbia, custou US$ 258 milhões, também bateu um recorde na sexta-feira, em sua estréia nos EUA, com uma bilheteria de US$ 59,3 milhões. A produtora indicou que o filme bateu recordes em Brasil, Japão, Coréia do Sul, China, Rússia, Itália e México. EFE
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