Abuso Infantil
Vergonha mundial: violência contra a criança
Todos os governos do mundo precisam enfrentar o problema da violência contra a criança, que é comum e tolerada em várias partes do mundo, segundo um relatório da ONU. Um estudo que durou quatro anos milhares de crianças enfrentam abuso físico que é escondido ou aprovado pela sociedade.
BBC
O garoto da soleira (Ricardo Lemos Neto)
Sentado à soleira da porta ele estava com o olhar vazio, tinha uma tristeza no olhar que ninguém entendia, seu sorriso era triste, como se usasse toda sua força muscular para aquele gesto tão trivial, tão normal, mesmo banal. Olhou ao longe e seu pensamento vagava, um pensar vago que ele se soltava e naquele lugar já não mais estava. Sua consciência era copiosa, às vezes lhe trazia lembranças tenebrosas, era um garoto, seus quinze anos passados naquela soleira, não tinha expressão facial, tinha olheiras, tonteiras de garoto novo, não ele não era mais um garoto, não como os garotos são. Ele era diferente, tinha algo que dá medo na gente, uma alma cinza, um manto em torno de si impenetrável. Ele mesmo criara essa proteção, ele não falava, monossilábico, sim senhor, não senhor. Era esse o garoto da soleira, olhou mais uma vez a rua, cambaleando seu pai em plena bebedeira, os olhos ficaram mais escuros, em segundos as pupilas dilataram, era uma reação quase química, o cheiro, os sons da chegada do pai lhe trazia na mente, um gosto dormente na boca, ele não sentia, ele jazia mais uma vez escondido, o pai entrou e o agarrou pela gola, jogou em cima da mesa, de costas, as calças abaixadas mais uma vez, por aquele idiota, pederasta, mais uma vez o cinto descia, desde os oito anos era isso que ele temia a chegada do pai, desde os oito anos era isso que lhe aguardava todo santo dia. A infância roubada, o homem que lhe invadia, os gritos abafados, a sua agonia. Era o menino da soleira, quinze anos e uma alma rasgada, olhou em frente em quando o pai se agachava pra retirar mais uma vez as calças, pegou a garrafa de bebida que estava armada, quebrou em um só golpe e na garganta do pai que ali jazia, o pai sangrava no derradeiro grunhido, o garoto sorrira pela primeira vez em muitos anos, era ele o assassino, não o garoto, e sim o pai que morria assassino da infância do garoto que nunca sorria, usurpador de um corpo que não lhe pertencia, uma ultima golfada de sangue, o garoto passou pela soleira e ganhou a rua... Pra sempre
posted by: Ricardo
on
sexta-feira, maio 18, 2007
at 21:22
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Impossível não se ficar chocado com uma história destas e com o desastre do mundo nesta área! e impossível também não sorrir pelo final quase feliz. Digo quase, pelas marcas guardadas da infancia na vida deste jovem para sempre.
É deprimente, mas real.
abraços
Leitor:
Marlene Maravilha | 18 maio, 2007 23:36
Nào é de hoje que dois mundos se chocam, o da moral e o real.
O da moral ensina crianças a obedecer os mais velhos, enquanto o real ensina as crianças a se submeter aos delirios loucos dos mais velhos. O que fazer!! Tenho vontade de gritar, para as crianças que elas tem direito de pensar de reagir de se defender e não se esconder dentro dos ensinamentos para não passar pela vergonha de ser diferente, porque se ela gritar, e falar ela vai perceber que ela não é a única a sofrer abusos por adultos insanos e inescrupulos, que ao meu ver são uma espécie de verme que está se expandindo no planeta. E ninguém sabe o que faser? Porque, meu Deus eu pergunto, porque?
Leitor:
Anônimo | 13 fevereiro, 2009 16:50